Com
o fracasso das negociações de paz no Egito, recomeçaram os confrontos na Faixa
de Gaza. A morte de uma criança de quatro anos em Israel reacendeu o clamor de
vingança do governo israelense. Mas o que dizer das quase 500 crianças mortas
em Gaza?
Há
alguns dias, os principais jornais dos Estados Unidos publicaram uma propaganda
de página inteira, assinada pelo Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel, em que ele iguala
a civilização ocidental às suas origens religiosas, reduz a luta de libertação
nacional da Palestina ao Hamas, e os compara aos nazistas[1]. Para a direita
israelense, assim como sua congênere nos EUA e nos demais países imperialistas,
é bastante apropriado manter esse “conflito” (palavra neutra que permite
esconder a assimetria entre as partes e ocultar o opressor) apenas sob sua
aparência religiosa ou, como diz Wiesel, como “a batalha da civilização contra a barbárie”.
Estaríamos
testemunhando um confronto entre o “povo escolhido”, na “terra prometida”, e
seus ocupantes. Ou, pelo outro lado, entre fieis e infiéis. Nesse “conflito
religioso”, todos têm razão, partindo de seus livros “sagrados”. O que é o
mesmo que dizer que ninguém tem razão.