quarta-feira, 29 de março de 2017

Colômbia, Oriente Médio e Ucrânia. Acordos de Paz ou Rendição Política?

James Petras
18/03/2017
Há uns trinta anos atrás, um sagaz camponês colombiano me disse: “Quando ouço falar de acordos de paz, escuto o governo a amolar suas facas”.

Introdução
Ultimamente tem-se falado muito dos acordos de paz em todo o mundo. Em quase todas as regiões ou países que sofrem de guerra ou invasão se menciona a possibilidade de negociar "acordos de paz". Em muitos casos, estes vieram a ser assinados e, todavia, não conseguiram acabar com os assassinatos e o caos provocados pela parte beligerante apoiada pelos Estados Unidos.
Vamos brevemente rever algumas dessas negociações do passado e do presente para compreender a dinâmica dos "processos de paz" e os resultados posteriores.

terça-feira, 21 de março de 2017

Contra o muro, contra o imperialismo… Para confrontar a política imperialista de Trump: nem submissão, nem “unidade nacional”.

Reproduzimos abaixo, traduzido, artigo do Partido Comunista do México (PCM), que trata da iniciativa do presidente norte-americano Donald Trump de construir um muro entre o México e os EUA. Consideramos importante a leitura desse material pois, além da denúncia sobre as intenções capitalistas por trás dessa iniciativa, o artigo apresenta também uma crítica correta à tese da "unidade nacional" na oposição à iniciativa de Trump. O original pode ser acessado aqui.
Como está dito no texto do PCM "a história nos ensina como ao longo do século XX, nas ocasiões em que a classe operária adotou a 'unidade nacional', hipotecou a sua independência como classe subordinando-se aos interesses da burguesia, a qual aproveitou para maximizar os seus lucros e afirmar a sua dominação."
No Brasil sabemos bem os males que as teses de "unidade nacional" causaram à luta da classe operária e dos trabalhadores, nos colocando a reboque de uma pretensa burguesia "nacional" na luta contra o capital estrangeiro, o imperialismo etc. Hoje, essas teses, requentadas, são apresentadas novamente a partir da indicação aos trabalhadores brasileiros a apoiarem uma aliança com um pretenso setor "desenvolvimentista" do capital em contradição contra um suposto setor puramente "especulativo". Lenin já mostrava há mais de 100 anos que o capital financeiro é a fusão do capital bancário com o capital produtivo...
Já publicamos também em nosso blog uma aprofundada crítica a essa tese, exposta no livro O Anti-Dimitrov, do dirigente comunista português Francisco Martins Rodrigues, que pode ser acessada aqui.
Essa posição burguesa no seio da classe operária e dos trabalhadores enfraquece nossa capacidade e necessidade de organizar a resistência contra a ofensiva do capital monopolista (especulativo e produtivo), principalmente com o aprofundamento da crise do imperialismo. Lutar contra a ilusão burguesa da "unidade nacional", denunciando-a e expondo sua real intenção é parte do caminho necessário à luta e organização de nossa classe.
Cem Flores.
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Contra o muro, contra o imperialismo… 
Para confrontar a política imperialista de Trump: nem submissão, nem “unidade nacional”.
01/02/2017


Tal como anunciou na sua campanha, o Presidente dos EEUU, Donald Trump, assinou uma ordem executiva para a construção do muro na fronteira entre o seu país e o nosso, com o propósito expresso de conter a migração de trabalhadores mexicanos e de outras nacionalidades que nutrem a força de trabalho nos distintos ramos da produção e os serviços nessa nação norte-americana.

segunda-feira, 6 de março de 2017

A Contribuição da Mulher na Construção do Socialismo - V. I. Lenin.

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Dando continuidade às homenagens ao Dia Internacional da Mulher, apresentamos agora um breve artigo de Lenin, de 1919, no qual ele apresenta resumidamente as iniciativas tomadas na União Soviética após a revolução, medidas práticas focadas em retirar a mulher da escravidão doméstica e deixa-la livre para se inserir no processo revolucionário.
É importante destacar a vinculação que Lenin estabelece da construção do comunismo com a emancipação da mulher: "A verdadeira emancipação da mulher, o verdadeiro comunismo, só começará onde e quando comece a luta das massas (dirigida pelo proletariado, que detém o poder do Estado), contra a pequena economia doméstica ou melhor, onde comece a transformação em massa dessa economia na grande economia socialista."
Cem Flores


A Contribuição da Mulher na Construção do Socialismo[1]
V. I. Lénine
28 de Julho de 1919 

Tomemos a situação da mulher. Nenhum partido democrático do mundo, em nenhuma das repúblicas burguesas mais progressistas, realizou a esse respeito, em dezenas de anos, nem mesmo a centésima parte daquilo que nós fizemos apenas no primeiro ano de nosso poder. Não deixamos literalmente pedra sobre pedra de todas as abjetas leis sobre as limitações dos direitos da mulher, sobre as restrições do divórcio, sobre as odiosas formalidades às quais estava vinculado, sobre a possibilidade de não reconhecer os filhos naturais, sobre a investigação de paternidade etc., leis cujas sobrevivências, para vergonha da burguesia e do capitalismo, são muito numerosas em todas os países civilizados. Temos mil vezes o direito de estar orgulhosos daquilo que fizemos nesse terreno. Mas quanto mais limparmos o terreno do entulho das velhas leis e instituições burguesas, melhor vemos que com isso apenas limpamos o terreno para construir e não empreendemos ainda a própria construção. 

sexta-feira, 3 de março de 2017

A família na União Soviética. Crise e reconstituição 1917/1944.


Pode-se afirmar que é impossível atingir o comunismo sem a transformação do papel da mulher hoje estabelecido. E essa transformação começa pela libertação do papel que ela cumpre na família, no aparelho ideológico familiar. Sob o capitalismo a função que a mulher desempenha na família é a de realização de tarefas que auxiliem na redução do valor da força de trabalho do proletariado, função essa considerada subordinada ao papel do homem, ideologicamente identificado como o chefe e aquele que provê as necessidades da família. Para alterar esse quadro e permitir a maior participação da mulher na revolução é preciso que ela se liberte dessa pequena economia doméstica, que a própria família seja alterada.
É precisamente esse o ponto que o texto da camarada Ana Barradas, que abaixo reproduzimos, nos apresenta: quais foram as principais mudanças no aparelho familiar e na condição da mulher levadas a cabo na Rússia após a revolução de 1917. Esse texto pode ser acessado também no blog Bandeira Vermelha.
No artigo é possível ver o quanto o ímpeto revolucionário levou a mudanças profundas na legislação, estabelecendo "direitos", e as iniciativas práticas que o Estado proletário adotou, mesmo em período de guerra, para permitir que as mulheres ampliassem sua participação política e econômica na revolução, libertando-se de suas pretensas “responsabilidades domésticas”. O texto também nos apresenta os fatores conjunturais, políticos e ideológicos que, não apenas interromperam essas mudanças, como as desfizeram, impelindo as mulheres a regressar as suas condições anteriores. O ascenso ou recuo na luta de classes, do ponto de vista do proletariado, vão determinando o avanço ou o retrocesso no processo de transformação do papel da mulher.
Na semana do 08 de março, Dia Internacional da Mulher, pretendemos com essa publicação estimular o debate sobre essa questão central, a partir da análise dos fatores que contribuíram para avançar ou retroceder a luta da mulher, na situação concreta que viveu a Revolução Russa, aprendendo com aquela experiência e nos permitindo combater de forma mais efetiva nossos limites e incompreensões sobre esse tema, condicionante fundamental para a construção da revolução em nossa realidade atual.

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A família na União Soviética. Crise e reconstituição 1917/1944.
Ana Barradas

Muitos dos operários e intelectuais avançados do nosso país que admiram sinceramente as conquistas revolucionárias da Rússia soviética talvez tenham reticências quanto ao aspecto concreto da libertação da mulher, tomando as formas de que ela se revestiu como manifestações excessivas dos primeiros anos. A imagem que têm da mulher soviética é aquela que foi propagada muito mais tarde: a da mulher produtora, igual perante a lei, mas simultaneamente recuperada para o papel de esteio da família.