sábado, 26 de dezembro de 2015

Podem, na atual conjuntura brasileira, a classe operária e os comunistas tomar partido nas disputas entre facções[1] burguesas a favor de uma ou de outra?

Sobre o processo de impeachment de Dilma

A decisão do Presidente da Câmara dos Deputados de aceitar o pedido de impeachment da Presidente Dilma Rousseff, formulado por Hélio Bicudo (ex-PT), Miguel Reale Jr. (PSDB) e outros, certamente irá ocupar o centro das discussões políticas nos próximos dias, semanas, meses. Esse processo tende a ser longo e tumultuado, com indas e vindas dentro do próprio governo e do Congresso, envolvendo ministros e parlamentares dos partidos da dita base de apoio ao governo, dentro da Comissão Especial que vai analisar o pedido de impeachment, no Plenário da Câmara dos Deputados, no Supremo Tribunal Federal, tudo marcado por um sem número de acordos e traições, trocas de favores e conchavos de toda a espécie – ou seja, a política burguesa em toda a sua plenitude, sem suas máscaras habituais – e com algum reflexo nas ruas, em manifestações de ambos os lados. A favor ou contra, todas as facções burguesas (PT, PCdoB, CUT, PMDB, PSDB, Força Sindical, Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua, etc.) defenderão que sua posição sobre o impeachment significa a defesa da democracia, das instituições, do estado democrático de direito e a saída para a crise política, quem sabe também a saída para a própria crise econômica. 

De agora em diante, e a todo o momento, a classe operária e os comunistas serão chamados a se posicionar sobre o impeachment, quer de forma “indireta”, pelo domínio do tema no noticiário, quer por pressões diretas, pelos partidos de “esquerda” (sic!), sindicatos, “movimentos populares”, nos locais de trabalho e de militância ou, mais importante, pelos próprios operários mais avançados, pelas bases ou pelos simpatizantes, amigos e leitores. 

A ideologia burguesa dominante e seus aparelhos ideológicos de Estado – que sempre buscam limitar as lutas de classe das classes dominadas aos limites das “reivindicações” institucionais – vão buscar limitar esse posicionamento a respeito do processo de impeachment necessariamente a uma escolha binária, sim ou não, excluindo qualquer outra hipótese ou possibilidade. 

Ainda pior, sob a hegemonia de posições reformistas burguesas, centrais sindicais, sindicatos e “movimentos populares” vão pressionar o proletariado e os comunistas para que se posicionem em defesa do governo burguês de Dilma e do PT, de sua legitimidade eleitoral, e defenderão que esse processo pode ser (mais) uma “oportunidade” para mobilizações que apoiem o governo e o pressionem a mudar sua correlação de forças, adotando uma política “progressista”, contrária à atual política recessiva “neoliberal”. Exemplo disso já seriam as manifestações de 16 de dezembro e a queda de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda. 

É preciso, desde logo, deixar muito claro que essa posição reformista do PT, da CUT, do MST, do MTST e outros, a favor do governo burguês de Dilma e do PT, portanto essa posição “anti-impeachment”, não passa do mais velho, explícito e deslavado oportunismo. 

Qual deveria, então, ser a posição do proletariado e dos comunistas diante desse importante momento da conjuntura política brasileira atual? Em outras palavras, podem, na atual conjuntura brasileira, a classe operária e os comunistas tomar partido nas disputas entre facções burguesas a favor de uma ou de outra? 

A resposta a essas perguntas deve ser a mesma do poeta: E o operário disse: Não! / E o operário fez-se forte / Na sua resolução. 

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Viva a Vitória das Ocupações das Escolas Estaduais em São Paulo!

Escola Estadual Diadema: uma das primeiras a ser ocupada, em 9 de novembro 


A luta de classes na vida cotidiana da classe operária e das classes dominadas e de suas famílias se expressa pela contradição exploração / luta ou ainda opressão / resistência. 

São os baixos salários em uma dura e prolongada jornada de trabalho; as longas horas de deslocamento em meios de transporte superlotados e precários; os bairros com infraestrutura urbana mínima, muitas vezes sem asfalto nem rede de esgoto, e neste ano também com racionamento de água; uma sucateada rede pública de ensino para seus filhos, entre muitos outros etc. 

Pois em São Paulo, um dos estados mais castigados com o aumento do desemprego na atual crise do capital no país, foram justamente os filhos dos operários e dos trabalhadores paulistas que passaram a assumir a frente na luta e na resistência. 

sábado, 5 de dezembro de 2015

Vídeo sobre a ocupação das escolas em São Paulo.

Reproduzimos abaixo o excelente vídeo sobre as ocupações das escolas públicas do estado de São Paulo, resultado de reportagem da Folha de S. Paulo em escolas da periferia (Itaquera, Perus, Diadema), mas que desapareceu da TV Folha, agora recuperado: “O vídeo que sumiu da TV Folha”. O vídeo mostra a luta dos estudantes, bem como sua organização nas ocupações das mais de 200 escolas.
Após semanas ocupando as escolas,  enfrentando forte repressão pelo governo paulista com uso de "táticas de guerrilha" e "ações de guerra" (declaração do chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação, Fernando Padula) para retirar os estudantes das escolas ocupadas e das ruas (acessem: Em vídeos e fotos a repressão da PM aos estudantes secundaristas e Estudantes param São Paulo com "trancamentos" e enfrentam dura repressão), os estudantes, com o apoio de pais, professores e manifestações de trabalhadores nas ruas, conseguiram fazer o governo estadual recuar e retirar sua proposta de "reorganização" do ensino no Estado.
A luta dos estudantes paulistas é um exemplo de que, com participação massiva e organização, é possível resistir à ofensiva das classes dominantes e de seu aparelho estatal.