quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Brasil: Crise e Regressão (Parte 3)


Postamos abaixo a terceira parte (de um total de quatro) da sequência de publicações sobre a conjuntura econômica brasileira, analisando os desdobramentos em nossa formação da crise do imperialismo e dos rearranjos da economia mundial, e seus impactos nas classes dominadas. Nesse documento abordamos a tendência de reprimarização e especialização na produção de commodities para exportação.
A primeira parte do documento pode ser acessada aqui (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/11/teses-sobre-conjuntura-nacional.html) e a segunda parte aqui (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/12/brasil-crise-e-regressao-parte-2.html).

V. Reprimarização

constituição de um setor agroindustrial voltado à exportação. Na exportação de commodities minerais. Assim, o pólo dinâmico da economia se transfere para setores voltados à exportação. Portanto, um conjunto de setores que se realizam no exterior. No geral, setores de elaboração de produtos primários. Ou seja, os novos setores dinâmicos têm seu ciclo produtivo concluído no exterior, realizado no exterior. Nesse sentido, o Brasil aprofunda a característica de país exportador de mercadorias intensivas em força de trabalho e derivadas da exploração de seus recursos naturais, baseando-se, para competir no mercado mundial, em sua disponibilidade de força de trabalho barata e de pouca qualidade. A especialização na produção e exportação de commodities é outra das características da regressão colonial”.
(Formação econômico-social brasileira: regressão a uma situação colonial de novo tipo, negritos nossos, https://sites.google.com/site/cemescolasrivalizem/home/textos-novos/Regress%C3%A3o.pdf?attredirects=0&d=1)

Também em relação à tendência de reprimarização da economia brasileira, com sua maior especialização na produção e exportação de commodities agropecuárias e minerais, apontadas no texto sobre regressão, a realidade do país nos últimos anos, reforçou as tendências apontadas em 2006. Não apenas o agronegócio e a extração mineral representam parcela expressiva da atividade econômica brasileira como as exportações e os fluxos líquidos de divisas são cada vez mais dependentes das vendas desses produtos básicos.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

E o Bradesco emplacou mais um!

Relembremos aos camaradas leitores deste blog Cem Flores, sumariamente, o enredo em questão: vencidas as eleições, Lula e Dilma decidem que, no segundo mandato de Dilma, o governo do PT precisaria explicitar (ainda mais!) sua submissão às classes dominantes. Para isso, concluem que nada melhor do que colocar um banqueiro no comando do governo, para realizar o, digamos, “ajuste”. Na verdade, uma baita recessão, com arrocho fiscal e monetário, reformas trabalhistas e aumento do desemprego. O governo do PT precisaria de um “primeiro-ministro” banqueiro, como bem sintetizou o petista desiludido André Singer[1].

Lula de imediato correu para seu velho parceiro Henrique Meirelles, ex-presidente do BankBoston, que foi presidente do Banco Central nos oito anos de Lula. Confortavelmente instalado na empresa monopolista transnacional do setor de carnes, Meirelles disse não.

A busca frenética continuou e, dessa vez, Lula e Dilma buscaram se socorrer no Bradesco. A opção seria o próprio presidente do banco, Trabuco. O patriarca do Bradesco, o quase nonagenário Lázaro Brandão, disse não. Não querendo, no entanto, perder a chance de comandar diretamente o governo, Brandão indicou seu funcionário Joaquim Levy.

Até ai já contamos essa história. Os camaradas podem ler todos os detalhes e uma avaliação sumária da crise econômica brasileira atual no post “Os Três Banqueiros, o PT e a Crise Econômica Brasileira”, de 7 de dezembro do ano passado (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/12/o-tres-banqueiros-o-pt-e-crise.html).

Eis que nesta segunda-feira, dia 5 de janeiro, pudemos constatar, pela enésima vez, quão insaciável é a fome das classes dominantes pelo controle do seu aparelho de Estado. O Bradesco, não satisfeito com ter indicado o Ministro da Fazenda, indicou agora o número dois do ministério. Na cerimônia de transmissão do cargo, Joaquim Levy anunciou que o Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda, também chamado de “vice-ministro”, será Tarcísio Godoy, que vem a ser, nada mais nada menos, que o Diretor do Bradesco Seguros e Previdência![2]

Ora, um governo dos banqueiros e pelos banqueiros, ao implantar sua política econômica, defenderá e beneficiará quais classes? A classe operária já sente essa questão na pele, com os mais de mil operários demitidos nesta semana apenas na Volkswagen e na Mercedes-Benz. A única resposta possível para a classe operária é sua mobilização e luta, como a atual greve na Volks e na Mercedes Benz, e sua organização política, reconstruindo seu partido revolucionário, o Partido Comunista!



[1] Ver a coluna “Muito Barulho por Nada”, na Folha de São Paulo de 06.12.2014, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/andresinger/2014/12/1558491-muito-barulho-por-nada.shtml. A pérola da desilusão tem um excelente primeiro parágrafo: “Depois da tragédia, a farsa. Semana passada, foi melancólico ver a junta econômica assumir o poder em Brasília. Dilma Rousseff, como se fosse uma futura rainha da Inglaterra, ficou confinada em algum cômodo de Buckingham, enquanto o primeiro ministro, ladeado pelos auxiliares principais, anunciava o programa do próximo período em solenidade britanicamente fria” (negrito nosso).
[2] Ver perfil publicado por O Globo, em 06.01.2015, reproduzido pelo próprio Ministério da Fazenda em https://www1.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=1012974.